Por que DESIGN?
Cresci cercado pela ficção: de Monteiro Lobato a Moebius, passando pelos quadrinhos da Marvel e DC que gravaram marcas profundas em minha mente. Comecei a ilustrar e percebi que uma das formas mais fantásticas de re-criar a realidade era com o lápis e papel, desenhando, rabiscando, prototipando. Depois passei a escrever e projetar pequenas coisas. Dai decidi que seria a invenção o meu futuro (sempre incerto).
Como começou a trabalhar com DESIGN?
No início do meu segundo grau, comecei a ler sobre design (depois de muitos livros de ficção científica e quadrinhos:). À medida que avançava na escola técnica percebia (e acreditava) que, as outras dimensões além do técnico-matemático para modelar soluções, eram papel do designer. O uso do computador me ajudou a perceber (sobretudo no que diz respeito à produtividade e acertividade), e o acesso à internet selou isto .
Decidi que iria trabalhar profissionalmente, e comecei como muitos: fazendo por conta própria, estudando, me aperfeiçoado, passando pelas fases necessárias de execução; até entender que trabalhar com design é algo complexo demais, delicado demais, e que seu exercício não cabe em qualquer lugar da mesma forma que os livros e as universidades ensinam, pois ele é vivo e precisa se moldar ao contexto sócio-histórico-econômico. Considero que começo a trabalhar com design quando me volto a este pensamento; que deve ter surgido há mais de uma década.
Você sairia da Bahia para trabalhar? Por quais motivos?
Não tenho apego algum à terra, mas sim às pessoas da terra. Sairia e devo sair em breve. Já há algum tempo trabalho para clientes de fora da capital e de fora do estado; hoje prospecto para fora. O ambiente sócio-econômico da Bahia não é favorável para o design que se lê nos livros, que se aprende nos cursos e na academia, e que se vê nas empresas de fora daqui. É preciso repensar e re-inventar as dimensões do design (a cada instante) para viver da Bahia, na Bahia. Este é o grande desafio (e muito difícil) para quem fica(rá) aqui.
Qual livro você recomendaria a leitura:
Dos nacionais, eu gosto muito dos livros de Rafael Cardoso; são essênciais. E há algum tempo li um livro sobre Design Research chamado “Design Research Now-Essays and Selected Projects”; os profissionais deveriam se interessar mais por este assunto, ao menos durante sua formação.
Uma citação que você gosta:
Existe uma que me acompanha, como um sinal gravado em minha mente: “Os caminhos que conduzem o homem ao saber são tão maravilhosos quanto o próprio saber”, é de Johannes Kepler.
Um projeto de DESIGN que você admira:
Eu considero o Arduino um projeto dentro do domínio do design. Ele está permitindo que as pessoas possam criar seus próprios hardwares e experiências de I|O, como soluções, de maneira que poucos projetos na história permitiram. Gosto de soluções em design que permitem recriar o próprio design, mais que o projeto de algo a ser embalado e consumido até um prazo de validade especificado.
Um profissional de DESIGN que você admira:
Difícil citar um apenas. Mas considero sobremaneira aqueles que foram além do trabalho “hands on” e registraram sua forma de pensar o design em obras que se tornaram clássicas. Um deles é Alan Cooper.
Um conselho para quem está começando:
Seu trabalho não fará sentido se não sentir prazer em fazê-lo; se não gerar coisas que lhe orgulhem, mais difícil vai ser se sentir feliz e completo com ele.
Onde te encontrar:
fb.me/mjlelis @mjlelis ixdassa.posterous.com
Fonte: http://www.designbaiano.com.br/por-que-design-por-mauricio-lelis/